" Nos tempos de Flamengo Joel Santana tinha a sua arma “secreta” para o segundo tempo: Obina. Quandoas coisas pareciam não se encaminhar bem, lá pelo 20 minutos do segundo tempo, Joel acenava para o massagista Deni e dizia com um olhar cúmplice:

- Vai, Deni, tráz o meu filhão. Tráz o meu “neguinho” aqui.

O sempre eficiente massagista disparava como uma flecha até a área onde os reservas se aqueciam. Segundos depois, mais rápido ainda, surgia Obina, pulando, sacudindo, alongando, suando disposição e fome de gols.

Joel mostrava a velha prancheta, mas os rabiscos nela pouco importavam naquele momento. Logo o teinador a esquecia e partia para o que realmente traria resultados: abraçava o jogador forte e sussurrava no ouvido dele.

- Vai, meu filho, entra lá e garante o futuro da Sayonarinha (filha então recém-nascida de Obina). Entra lá e faz um golzinho pra ela - olhava então nos olhos vidrados do atacante e concluía, com ainda mais ternura paternal - Promete que vai fazer um golzinho pra Sayonarinha e um pro ”papai” Joel, vai…

O atacante sacudia a cabeça determinado e, segundos depois, entrava em campo rasgando o gramado em um pique alucinado. A torcida (que ainda tinha Obina como um xodó) ia à loucura e o Maracanã quase desabava.

Metade do trabalho já estava realizado, apenas ao inflamar a nação rubro-negra àquela altura do jogo, o que, normalmente, já atirava o adversário contra a parede.

Muitas vezes também, pensando no futuro da filha, no carinho pelo “papai” Joel e embalado pela multidão que o amava; Obina subia mais alto que os zagueiros, ganhava piques, divididas… e resolvia o jogo.

Assim foram muitas noites e tardes no Maraca. "

Texto de Décio Lopes, de julho do ano passado.

Saudades, Obina. Sempre em nossos corações, tão surrados e rubro-negros !

E seja feliz no Atlético ! (menos quando for jogador com o Mengo)

Abraços e Saudações Rubro-Negras (mais negras que rubras nesse momento, em homenagem ao Anjo Negro). Yuri E.