Tinha tudo pra ser um jogão. Não do jeito que imaginávamos e queríamos, mas foi um partidaço.

Tinha tudo pra ser pura técnica e habilidade. Mas o que se viu foi escorregões, poças d'água e uma pitada de frustração.

Tinha tudo pra dar merda, ao perceberem que o Flamengo (e diga-se de passagem, o Corinthians também) começou perdidão no início do jogo.

Tinha tudo pra ser xingado, e deve ter sido. Por mais que seja um bom jogador, não era jogo pro Michael. Escorregou duas ou três vezes, não acertava passes, e pra coroar com Fezes de Ouro, foi expulso ainda no primeiro tempo. Deu uma bela tesoura, por sinal. Gostei muito.

Tinha tudo pra cochilar, mas na hora que fechei o olho, o Juan, que jogou bem pra caralho, sofreu o pênalti. Levantei e dei um grito, o que provavelmente fez meus vizinhos acordarem. Tinha tudo pra apanhar da minha mãe, mas escapei.

Tinha tudo pro Adriano perder aquele pênalti. Imitou o Roberto Carlos Jogador ao dar aquela corridinha, e marcou. Certamente a penalidade mais bem batida da carreira do Impera. Mengão Campeão 1 x Coringão dos Mano 0.

Tinha tudo pra torcida cantar pra caralho. Mas o que eu vi foi, muitas vezes, os Fiel cantar mais alto que a Nação. Por falar nisso, 68 mil ingressos postos a venda. 72 mil guerreiros presentes. Onde se encontravam os ingressos dos 4 mil penetras? Jogaram no chão? Enfiaram no cu? BWA, pede pra sair.

Tinha tudo pra ter infartado, quando, no final do jogo, o Corinthians começou a chutar de fora da área. Já viu, né, parceiro? Morrinho Artilheiro, poça, bola molhada e as mãos de alface de Bruno principalmente, fizeram com que meu coração fosse a boca. Mas The Wall encaixou todas as bolas. E ainda fez a cêra de cada dia, como já é de praxe.

Tinha tudo pra ser mais um vexame.
Também tinha tudo pra ser um jogo espetacular.
Mas jogamos com raça, e isso basta. É Flamengo, né.